SUPERANDO AS CRISES...
Superando as Crises
Todos enfrentamos crises. Às vezes são pequenas, outras vezes não. Às vezes são meio previsíveis, a maioria das
vezes não. Às vezes são de terceiros,
outras vezes transbordam de nossas próprias entranhas, nosso casamento, nossa
família, nossa igreja, nosso trabalho.
Os chineses têm uma linguagem de
símbolos. A palavra “crise” é um
casamento do símbolo para “oportunidade” e o para “perigo”. Trabalhando encima dessa perspectiva sábia,
deixe-me oferecer a seguinte definição
de crise “Uma oportunidade perigosa
que nossa estrutura atual não é suficiente para administrar”. Quando conseguimos administrar o assunto não
é uma crise, apenas um problema ou desafio.
Torna-se uma crise quando não temos os recursos emocionais, espirituais,
financeiros ou outros para conseguir administrar a situação.
Existem três formas típicas de responder a crises: retroceder ou
recuar, agüentar firme ou superar.
Algumas pessoas são gatos escaldados e fogem na hora que a crise se
erguer, mas acho que a resposta mais
comum é aguentar firme. Inicialmente
quando uma crise chega, a enfrentamos, algo parecido a alguém que está um
quilômetro de casa quando uma tempestade fria cai. Se encolha em si mesmo, olha para baixo para
não pegar chuva na cara e começa a andar.
Passo após passo, com confiança que apesar de estar congelando,
possivelmente tremendo de frio, apesar de se ensopar e estar frustrado,
correndo risco de uma gripe forte, se apenas aguentar, irá chegar em casa e a
crise passará. Infelizmente a maioria de
outras crises demora bem mais; ainda assim, nos encolhemos, nos fixamos na
possibilidade da vida voltar ao que era e colocamos um pê na frente do
outro. Nos firmamos em versículos como
Hebreus 12.1, 2 que falam da perseverança e de fixar nos olhos em Jesus e,
olhos realmente fixos em Jesus ou não, agüentamos.
Essas crises comumente envolvem
conflitos com alguém. Nessa atitude de
aguentar firme temos uma tendência de procurar apoio até a crise passar, apoio
de amigos, apoio de Deus, apoio através de passagens bíblicas. Com a maior facilidade encontramos passagens
que nos fortalecem, nos encorajam a perseverar e muitas vezes nos justificam ou
mostram que nós estamos certos.
Eventualmente a crise passa e conseguimos andar como antes, com cabeças
erguidas e um sorriso no rosto e na alma.
Quando a crise não passa, quando
aguentar firme não está dando certo, quando os versículos não são suficientes,
as duas outras opções se abrem. Muitas pessoas retrocedem, voltam para trás. Abandonam a “fé” que tinham, a convicção ou
equilíbrio que tinham, a maturidade ou confiança que ganharam e voltam para um
paradigma do passado, algo que servia na época, mas que já haviam deixado para
trás. Estas pessoas, quando a crise
passa, realmente estão piores do que quando a coisa pegou. Pode ser que suas circunstâncias são piores
como no caso de um casamento acabado, um emprego perdido ou uma grande perda
financeira. Mas o que realmente importa é
se a vida interior piorou, se a pessoa demora em recuperar sua fé, confiança,
amor, esperança ou às vezes nunca as recupera.
Incrível como pareça, gigantes da fé podem sofrer disto. Podemos citar Abraão em oferecer sua esposa
para outros reis, Davi na morte de seu filho Absalão, Pedro na negação de Jesus
e outros. Possivelmente a história que
mais me impressiona nesse sentido é de José
de Egito. Ele atingiu um grande
nível de espiritualidade, de sucesso e de equilíbrio que o levo ao topo do
governo. Ele expressa que seus problemas
acabaram através dos nomes que ele dá para seus filhos: “Ao primeiro, José deu
o nome de Manassés, dizendo: ‘Deus me fez esquecer todo o meu sofrimento e toda
a casa de meu pai’. Ao segundo filho
chamou Efraim, dizendo: ‘Deus me fez prosperar na terra onde tenho sofrido’”
(Gn 41.51, 52). O passado resolvido,
superado, deixado para trás, o gigante espiritual olha para frente e abraça o
futuro maravilhoso que Deus lhe havia concedido. Até que o passado volta e seus irmãos
aparecem de novo. Nesse momento, ele
regride; volta a sentimentos que ele nem sabia que tinha. Dá para enxergar oito características de uma pessoa ferida na forma que ele reage a
seus irmãos em Gênesis 42:
1.
Ela coloca uma máscara, não deixando os outros saberem
quem ela realmente é, muito menos seus sentimentos (v. 7 em diante).
2.
Ela fala asperamente, ainda quando fala palavras
simples como “De onde vocês vêm?” (v. 7).
3.
Lembranças do passado, até de seus sonhos, são
doloridos (v. 9).
4.
Ela acusa (v. 9).
(Quantas vezes uma pessoa ferida acaba fazendo o trabalho de Satanás
para ele, acusando todo o mundo de estar errado, menos ela).
5.
Não ouvi o que ela não quer ouvir (v. 12).
6.
Faz demandas, impondo sua perspectiva ou manipulando as
pessoas para que façam o que ela quer (vv. 14-16).
7.
Faz os outros sofrerem (v. 17).
8.
Se chorar, é um choro de tristeza segundo o mundo (2 Co
7.8-11) e não um choro que libera, que cura, que alivia (v. 24)
Crise! Que derrota gigantes da fé. O que faz de José um verdadeiro gigante, como
também os outros nomes que citamos acima é que voltaram de sua derrota. Gosto do ditado “Não importa o erro que fazemos tanto quanto o que fazemos depois”.
Relativamente poucas pessoas
conseguem superar as crises. A maioria
acha que estão fazendo isso quando aguentam até as crises passarem. Mas eles não cresceram, não são melhores pessoas,
mais maturos, sábios ou equilibrados do que antes. Ficam como eram; na verdade, não superaram a
crise, apenas a sobreviveram.
Quem supera uma crise é a pessoa que enxerga que Deus está agindo
através da mesma. Ao invés de
simplesmente tolerar a crise, procura os propósitos de Deus no meio dela. Ainda é um mecanismo de defesa quando fazemos
isso e acabamos “descobrindo” grandes propósitos de Deus para as pessoas ao
nosso redor mudarem. Quem
verdadeiramente supera uma crise é aquele que descobre o que Deus está querendo
fazer nele (Tg 1.2-5). Essa pessoa se
quebranta e deixa Deus fazer Sua plena obra nela. Ela entrega a estrutura falida que não está
conseguindo administrar a crise e pede para Deus lhe revelar uma nova estrutura
interna, uma nova forma de enxergar a vida e especialmente os propósitos
d’Ele. Esta pessoa persevera não para
simplesmente resistir até que a prova ou crise passa, mas persevera na luta com
Deus, como Jacó (Gn 32.22-32), até que Deus toque nela de uma forma que sua vida
nunca mais será a mesma.
Dos três tipos de respostas às
crises, apenas esta terceira leva a pessoa, nas palavras de Paulo, a passar de
glória em glória (2 Co 3.18).
Ela abandona a glória da estrutura passada, das respostas que serviram
por muito tempo ao invés de se esconder atrás delas como Moisés fez com o véu
(2 Co 3.12-18). Esse quebrantamento abre
a porta para a nova glória.
Os psicólogos, especialmente no
campo do desenvolvimento humano falam disso.
Eles dizem que todo ser humano passa por etapas ou fases. Cada fase é necessária e saudável e em cada
fase a pessoa procura um equilíbrio que a permite lidar com a vida. Ao mesmo tempo, com o passo do tempo a
estrutura interna dessa fase se mostra inadequada para as novas realidades que
a pessoa precisa enfrentar. Ela é
forçada a entrar num período de desequilíbrio (crise) no processo saudável e
necessário de encontrar um novo e melhor equilíbrio, uma nova estrutura interna
que corresponde melhor aos fatos e que a permite administrar as crises. O
desequilíbrio é a porta para o crescimento, é a oportunidade perigosa que
chamamos de crise. Quando realmente
superamos a crise, crescendo através dela, passamos para um novo nível de
equilíbrio. Ficamos nisso até crescermos
o suficiente para nos prontificar para uma nova fase; então Deus, em sua
sabedoria, nos envia uma nova crise, um novo desequilíbrio, para nosso
crescimento. Que trágico quando alguém
não entende isto e recusa ir para frente.
Acaba se “congelando” ou paralisando emocionalmente na fase onde está,
optando para não abandonar as estruturas atuais.
De forma parecida, muitos de nós
não estamos dispostos abrir mão de nossos paradigmas, estruturas internas ou
cosmovisão. Insistimos em manter o que
sempre fomos ensinados. Acabamos agüentando
a crise ao invés de superá-la, até às vezes retrocedendo na fase dela.
Quando você enfrenta uma crise,
não pensa apenas em como sair dela ou como perseverar até ela passar. Pensa em superá-la, contorna-la para que seja
uma oportunidade de crescimento, de quebrantamento, de ver a glória de Deus
liberado em você e através de você.
Quando outros ao seu redor passam por crise, não pense primeiro em como
proteger elas ou como ajudar elas escaparem da crise. Pergunte para Deus o que Ele está fazendo e
procure acompanhar os propósitos d’Ele para que essa pessoa possa ser não uma
vítima, nem apenas um sobrevivente e sim um vencedor!
Perguntas para reflexão:
1. Qual
crise você está enfrentando agora? Tem
alguma crise interna que volta com uma certa regularidade?
2. Pense
nessa crise, ou naquela que você sofreu mais recentemente, e pergunte: quais
podem ser os propósitos de Deus no meio disso?
3. O
que Deus quer lhe ensinar através da crise?
Ele está lhe chamando para alguma mudança, possivelmente para um
quebrantamento, para que o Espírito e a glória d’Ele possam fluir bem mais em
você do que antes?
4.
Já que poucos conseguimos ser vencedores sozinhos, quem
pode lhe acompanhar para que você não seja apenas uma vítima ou sobrevivente?
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